O Berço de Alvarelhos

O berço desta freguesia terá sido, muito possivelmente, o templo de São Marçal. A primitiva ermida foi, ao que tudo indica, erigida há já bastantes séculos. É bem provável que tenha sido edificada sobre um antigo templo pagão, algo que era frequentíssimo naqueles tempos. A iniciativa da construção do templo naquele local tem uma explicação muito simples: que os cristãos adorassem o verdadeiro Deus no mesmo sítio onde outrora os pagãos haviam prestado culto às divindades do paganismo. Que este culto pagão ali existiu prova-o uma ara votiva encontrada no local.
         Nos primórdios do séc. XVII, estando a ermida em ruínas, foi ali construída uma outra, por iniciativa do mosteiro beneditino de Vairão. Recorde-se que, nessa altura, as monjas do referido mosteiro eram as donatárias de Alvarelhos. Em meados do séc. XIX, a nova ermida estava já em ruínas. Para este estado de coisas terá, muito possivelmente, contribuído o abandono a que foi votado o culto a São Marçal.
Na acta da reunião da Junta da Paróquia de Alvarelhos do dia 8 de Dezembro de 1878, podemos ler:

         “José António Gorgulho, presidente da mesma propôs que o fim desta era para se discutir e deliberar a reedificação da capela de S. Marçal, dependente da igreja matriz, e a venda dos sobreiros, produção do espaço de terreno adjacente à mencionada capela. Ponderou, pois, o seguinte: Primeiro que a dita capela desabara em ruínas, e que os comparoquianos de Alvarelhos desejam unanimemente vê-la reedificada com a maior brevidade possível. Segundo que os sobreiros criados naquele espaço de terreno, que apenas mede limitadíssima área para em torno da capela se poder fazer a procissão – voto que anualmente a 29 de Junho ali costuma ter lugar, não só por que revelhos bem pouco rendimento produzem a benefício da paróquia, mas ainda por que alguns deles entrelaçados por cima da capela muito concorreram para o seu desmoronamento. Terceiro que, menos em caso de extrema e absoluta necessidade, assás desejava não só não sobrecarregar os seus comparoquianos com derrama, mas nem ainda com donativos, visto a eles se dever, há melhor de dez anos, a maior parte das obras da paróquia. Quarto, finalmente, que, em vista das ponderações expostas, entendia que os sobreiros deveriam vender-se e o produto da venda empregar-se na reedificação da capela e o remanescente, havendo-o, no que a necessidade reclamar. Os demais companheiros ouvindo e considerando as ponderosas razões do seu presidente, perfilharam as suas ideias e unanimemente deliberaram se vendessem os sobreiros e reedificassem a capela. Como, porém, esta deliberação da Junta seja daquelas que, segundo o art. 168 (parágrafo) único do Cód. Administrativo, para ter força executória necessitem de autorização da Exma. Junta de distrito, o presidente da d’Alvarelhos, ordenou ao secretário dela não só que lavrasse a presente acta, mas que dela extraísse uma cópia em duplicado para ser remetida à mencionada Junta distrital, a fim de se obter a aludida autorização, sendo uma destas cópias afixada junto da porta desta igreja paroquial e outra apensada ao livro das actas da mesma igreja”.

 

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